Descobrindo a Ilha Mãe - PARTE II




Com meu SUP inflável, perfeito para desembarque em ilhas.

Continua sendo a minha vontade de remar até uma ilha distante o que me move. Esse "distante" pode ser a 55km ou 130km ou logo ali, a apenas 2km. 
Remar o seu próprio barco, desbravar um local desconhecido, descobrir e explorar: estes sentimentos e ações devem ser um dos mais antigos e primitivos que vêm acompanhando a humanidade desde os primeiros tempos.
Olhar além do mar e sentir aquela vontade de buscar algo no horizonte deve ter sido um sentimento  dominante em muitos de nossos ancestrais. E daí começaram as grandes navegações da história. Os fenícios (1.400 a.C.), os egípcios (3.350 a.C.), os vikings, os polinésios (10.000 a.C.) e europeus foram povos que se destacaram por suas desenvolvidas artes de navegação.
Movidos por um desejo parecido com o meu ao visitar a Ilha Mãe neste 20 de setembro de 2014,  foi assim que muitos anônimos se lançaram ao mar em busca de descobertas e assim também que alguns nomes fizeram história ao atender seus anseios de buscar o novo além do horizonte.

A Ilha Mãe fica a 2,5km da Praia de Itaipu, em Niterói, RJ. Seu território faz parte do Parque Estadual da Serra da Tiririca, assim como as outras duas ilhas próximas: a Ilha do Pai (também chamada de Terceira) e a Ilha da Menina. Possui vegetação típica dos costões rochosos da região Sudeste, com bromélias, cactos e vegetação baixa, salvo a presença de algumas palmeiras. A maneira mais agradável de se chegar até lá é remando, e dessa vez eu fui de SUP inflável da Art in Surf (race 12'6). Da areia da praia é possível avistar a ilha e sentir aquela "vontadezinha" de remar até lá. 
Para os iniciantes, a remada até a Ilha Mãe pode levar até 40 minutos. A travessia do canal entre a Ilha da Menina e a Ilha Mãe pode ser dura, dependendo das condições do mar e do vento. O desembarque seguro também está diretamente relacionado com as condições. O conselho que deixo aqui é que se evite dias com vento forte. Quando digo vento forte, quero dizer qualquer vento acima de 8 nós nas classificações dos sites de previsão do tempo. 

Desembarquei na ilha auxiliada pelo amigo Jonas, um pescador de 65 anos que vive ali. Mesmo já tendo ido até lá outras vezes, não deixo de sentir gosto de descobertas cada vez que vou. O que me surpreendeu desta vez foi a avistagem de dois lagartos enormes, de cerca de 1 metro, que vi tão rapidamente que não tive tempo de fotografar. Outra surpresa para mim foi descobrir uma fenda na rocha que praticamente divide a ilha em duas metades, porção Leste e porção Oeste. Esta fenda tem cerca de um metro de largura e profundidade que varia, calculo eu, de uns 20 a 50 metros, transmitindo uma imponência inimaginável para os visitantes que acharem que a beleza da ilha está apenas nas suas bordas. 


O belo visual da Região Oceânica de Niterói, com montanhas do Parque Estadual da Serra da Tiririca.

Detalhe de bromélia, planta típica da vegetação local.


Cactus, planta títica da vegetação local.

Fenda na rocha, que divide a ilha em duas metades.

Jonas, o pescador que mora na Ilha Mãe, no início da fenda que divide a ilha.


O barco do pescador Jonas emborcado na pedra e a minha prancha inflável boiando amarrada na poita.



A densa vegetação de bromélias da ilha e o visual da Região Oceânica ao fundo.



Muitas bromélias.



O visual da Ilha do Pai, ao fundo.






A parte baixa da ilha, com uma planície de laje que com maré baixa e mar calmo fica exposta, sendo possível caminhar sobre ela.



O pescador Jonas (sem camisa), de 65 anos, e seu amigo.



A pequena enseada da Ilha da Mãe, local perfeito para o desembarque, e meu SUP boiando na água, amarrado à poita Ao fundo, a Ilha do Pai.

Minha prancha race inflável da Art in Surf se tornou, depois desta remada, minha mais nova prancha predileta! Perfeita para expedições, descobertas e remadas do gênero. 

A expansão de antigas tribos, impérios e governos para além de seus territórios, descobrindo ilhas e continentes novos, trouxe também a expansão da própria forma de pensar do ser humano. Desde os tempos antigos da navegação egípcia (há relatos de que foram eles que inventaram o remo e o leme) até os tempos áureos das grandes navegações europeias, o ser humano expandiu seus horizontes com as descobertas além mar. Foi assim há mais de 3mil anos antes de Cristo e continua sendo, até hoje, com qualquer um de nós que se proponha a descobrir, desbravar e remar. 

Foi com este sentimento que retornei, no fim da manhã, remando feliz em meu novo SUP favorito, para a Praia de Itaipu neste sábado de setembro. Certamente, as conquistas e descobertas de novos lugares trouxeram para o homem primitivo a auto estima de que ele precisava para desenvolver sua forma de pensar e seus modos de vida. E foi esta remada, as descobertas e o papo despreocupado com o pescador Jonas que me inspiraram para mais este relato no blog Vou de Canoa. Talvez remar e descobrir são duas coisas que expandem pensamentos.

Aloha e até a próxima descoberta!


P.s. 1 - Neste blog há uma outra postagem com mais detalhes sobre a Ilha Mãe com o título "Descobrindo a Ilha Mãe".


P.s. 2 -
  • Consulte as previsões das condições do mar e do vento antes de remar até a Ilha Mãe.
  • Respeite o Jonas, o pescador local.
  • A ilha é limpa e livre de lixo, mantenha-a limpa.
  • Nunca abra caminhos na vegetação, caminhe apenas onde há brechas de rocha livre na vegetação. 


Voltando para a Praia de Itaipu, feliz. Ilha da Mãe ao fundo.

Sapatinho de borracha para subir da pedra, alguns metros de cabo para amarrar o SUP na poita, bolsa estanque para o celular e camelback com água e algumas barrinhas de ceral nos bolsos.

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