Palestra do Amyr Klink

"O mar é uma estrada que já está feita." Amyr Klink

A conectividade virtual, por incrível que pareça, é algo que nos prende mais do que podemos imaginar. A obsessão pela conectividade revela um sentimento muito comum hoje em dia de que sem ela estamos completamente perdidos e isolados. Ledo engano. Em 1984, quando Amyr Klink atravessou o Oceano Atlântico em seu barco a remo durante cem dias sozinho entre o céu e o mar, ele não tinha um GPS nem tampouco Internet. Seu elo com o mundo eram baterias e uma caixa de rádio. No entanto, ele não estava perdido e sabia exatamente sua localização geográfica e para onde estava indo. Naquele isolamento, ele sentiu que sua conexão com o Planeta estava mais forte do que nunca.

Esta foi a conclusão do Amyr Klink, revelada em uma interessante palestra que tive a oportunidade de assistir no dia 06 de outubro de 2015, no Forte de Copacabana.

Palestra do Amyr Klink no Forte de Copacabana em 6 de outubro de 2015.
Para falar sobre esta real conectividade com o mundo, ele mostrou uma foto de sua casa em Paraty: uma singela casinha à beira mar ladeada por muitos e muitos hectares de Mata Atlântica exuberantemente verde, densa, intransponível e legalmente protegida sob a sobreposição de diversas Unidades de Conservação estaduais e federais, onde jamais haverá a construção de estradas (assim esperamos). Em sua casa não existe luz elétrica nem internet. Também não existem estradas até lá, onde só é possível chegar pelo mar. No entanto, é um dos lugares do mundo onde o Amyr se sente mais conectado com qualquer ponto do Planeta pois, de lá, pode pegar seu barco e velejar para qualquer parte do mundo. Para comprar pão na padaria de Paraty, ele pega seu barquinho e rema por 35 minutos até o centro da cidade. Da mesma maneira, para ir aos lugares mais longínquos lda Terra, também de lá, ele solta as amarras de seu veleiro e viaja para os extremos do Planeta e para tantos outros lugares quanto sua mente livre e sua capacidade de elaboração de projetos incríveis pode lhe permitir.

O mar é uma estrada que já está feita. Escutei esta frase no início de sua palestra e anotei para me lembrar sempre deste sentimento de liberdade e conectividade que posso sentir ao entrar nas minhas canoas. Este sentimento de ligação com o resto do mundo vem pela água, descendo pelos rios e levando ao mar. 
De canoa sinto que posso remar sempre até onde meus olhos enxergam. Enquanto houver mar diante de meus olhos, poderei continuar remando.

Aloha e até a próxima conexão!
Luiza Perin
Barco a remo em que o Amyr Klink atravessou o Oceano Atlântico em exposição temporária no Forte de Copacabana. Outubro de 2015. 
Remadores de canoa havaiana de Niterói ao lado do navegador que carrega histórias de grandes inspirações: Amyr Klink. Forte de Copacabana. Outubro de 2015.
Remadores de canoa havaiana de Niterói diante do barco a remo do Amyr Klink e ao lado da Marina Klink, esposa do grande navegador. Exposição temporária no Forte de Copacabana. Outubro de 2015. 
Eu em minha rede de Wiffi favorita: minha canoa havaiana OC1 batizada de Guardiã. Com ela, a conexão é garantida.



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