Saldo da Maui2Molokai2014
Completei a prova que cruza o canal entre as ilhas de Maui e Molokai, no Havaí, remando uma prancha de 14 pés de stand up paddle, em 5h30min. Fui a última das últimas a chegar dentre os mais de cem remadores de diversas nacionalidades inscritos na prova. Mas a luta para cruzar a linha de chegada foi dura e desafiadora, e isto me permite desfrutar de um sentimento de conquista talvez tão grande quanto aquele que deve ter sentido o havaiano Connor Baxter, grande vencedor da prova (completou em 3h04min).
Além das adversidades naturais do percurso, tive doses extras de adrenalina nos minutos que antecederam a largada. O capitão do barco de apoio que me acompanharia lado a lado durante a remada ligou, quando faltava apenas 30 minutos para a largada, informando que, lamentavelmente, teve um problema com o transporte de seu barco e que seria improvável que ele conseguisse chegar a tempo da largada. A presença de um barco de apoio ao lado do competidor é importante em uma prova como esta, mas nem todos os remadores contratam um para si. Já em outras provas como a Molokai2Oahu, o barco de apoio individual para remador é obrigatório e só participa da competição o atleta que contrata um barco para si. Como as distâncias são grandes e cruzam canais oceânicos no mar do Pacífico, a função dos barcos de apoio é acompanhar, para dispor de suporte e segurança, o atleta durante todo o percurso da prova.
Às 9h55 da manhã de 12 de julho de 2014, a exatos cinco minutos de soar a corneta de largada da minha primeira prova no Havaí, meu barco ainda não havia aparecido no mar. Enquanto todos os competidores, posicionados em suas pranchas, olhavam atentos e alertas para frente esperando o primeiro milésimo do som do alarme de partida, com remos a postos, eu, aflita, olhava para trás, ansiosa a procura de um barquinho verde e pequeno que deveria estar ao meu lado para seguir comigo os 47km de remada que teria pela frente.
Soou a corneta. Uma multidão de pranchas zarpa pelo mar infinito do Havaí, distanciando-se da pequena enseada de pedras em Lahaina, na ilha de Maui, deixando um grande rastro branco na água provocado pelas fortes remadas de seus braços. E eu, ainda aflita, permanecia ajoelhada em minha prancha, olhando por todos os lados e com milhões de incertezas na cabeça.
Longos e infinitos minutos se passaram e de repente eu avisto um barquinho verde claro, a toda velocidade, vindo em direção da enseada. Só podia ser ele! Acenei com o remo para que me reconhecesse e esperei ele se aproximar para poder ler o seu nome, que me daria a certeza de que era mesmo o meu barco de apoio, identificando as características informadas pelo capitão por telefone.
Às 9h55 da manhã de 12 de julho de 2014, a exatos cinco minutos de soar a corneta de largada da minha primeira prova no Havaí, meu barco ainda não havia aparecido no mar. Enquanto todos os competidores, posicionados em suas pranchas, olhavam atentos e alertas para frente esperando o primeiro milésimo do som do alarme de partida, com remos a postos, eu, aflita, olhava para trás, ansiosa a procura de um barquinho verde e pequeno que deveria estar ao meu lado para seguir comigo os 47km de remada que teria pela frente.
Soou a corneta. Uma multidão de pranchas zarpa pelo mar infinito do Havaí, distanciando-se da pequena enseada de pedras em Lahaina, na ilha de Maui, deixando um grande rastro branco na água provocado pelas fortes remadas de seus braços. E eu, ainda aflita, permanecia ajoelhada em minha prancha, olhando por todos os lados e com milhões de incertezas na cabeça.
Longos e infinitos minutos se passaram e de repente eu avisto um barquinho verde claro, a toda velocidade, vindo em direção da enseada. Só podia ser ele! Acenei com o remo para que me reconhecesse e esperei ele se aproximar para poder ler o seu nome, que me daria a certeza de que era mesmo o meu barco de apoio, identificando as características informadas pelo capitão por telefone.
O barco chegou perto de mim e seu comandante não parava de se desculpar: "I'm so sorry!" Eu não me importei, não fiquei chateada, apenas agradeci por ele ter chegado e dei graças a Deus quando identifiquei seu nome escrito no bordo: CORAJOSA!
Scotty Olive, um havaiano gente fina que já viajou pela América do Sul e se simpatizou pelo Brazil, pode ter - muito por acaso - um dia batizado seu barco assim. Mas a maneira emocionante com que chegou até mim neste dia, naqueles minutos iniciais desta importante travessia, me deram a certeza de que não foi por acaso que, justamente este barquinho chamado Corajosa, foi o meu barco de apoio no Havaí. Afinal de contas, não é qualquer havaiano que batiza seu barco com um nome em português. E menos ainda, não é qualquer nome em português que é usado para nomear um barco no Havaí. Seu nome era uma palavra necessária para mim exatamente naquele dia. No feminino. E no mar do Havaí. "Let's go, my friend! Let's go!" E lá fui eu... Finalmente pude mirar o meu destino na ilha de Molokai e remar para frente, exatamente como, momentos antes, todos os outros remadores faziam. O caminho foi longo. Os primeiros 20kms do percurso foram muito difíceis pois o vento ainda não estava perfeitamente alinhado com a rota de navegação. Além disso, sem conhecer o caminho eu não tinha uma referência exata no horizonte, e isto às vezes é o maior inimigo do remador determinado.
Quase desisti por duas vezes. Cheguei a sentar na prancha, ao lado do barco, e falar para o capitão que remaria apenas por mais alguns minutos e subiria no barco de apoio, desistindo da prova. Mas na segunda vez que fiz isso ele apontou para um diminuto retângulo branco no longínquo litoral da ilha de Molokai. Era a chegada. Há 25kms de distância. Horas mais tarde eu encostava minha prancha no porto de Kaunakakai, no Hawaian Canoe Club, com um dos maiores sentimentos de conquista e transformação da vida. Ventos e ondas soprando e empurrando a favor precisaram ser domados e surfados. Sentimentos de medo, de dúvida e insegurança ao longo das horas foram se transformando em confiança, certeza e alegria de estar ali.
Certa vez li uma frase de autoria desconhecida mas que nunca esqueci, que era mais ou menos assim: "Todos que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si. Levam um pouco de nós". Sou daqueles que acreditam na "alma dos barcos", na energia que eles carregam. Por isso tive a certeza de que, se ganhei um pouquinho mais de coragem nesta vida, foi porque estive ao lado do barquinho havaiano "Corajosa" pelos 47kms entre ilhas de Maui e Molokai no Havaí.
Scotty Olive, um havaiano gente fina que já viajou pela América do Sul e se simpatizou pelo Brazil, pode ter - muito por acaso - um dia batizado seu barco assim. Mas a maneira emocionante com que chegou até mim neste dia, naqueles minutos iniciais desta importante travessia, me deram a certeza de que não foi por acaso que, justamente este barquinho chamado Corajosa, foi o meu barco de apoio no Havaí. Afinal de contas, não é qualquer havaiano que batiza seu barco com um nome em português. E menos ainda, não é qualquer nome em português que é usado para nomear um barco no Havaí. Seu nome era uma palavra necessária para mim exatamente naquele dia. No feminino. E no mar do Havaí. "Let's go, my friend! Let's go!" E lá fui eu... Finalmente pude mirar o meu destino na ilha de Molokai e remar para frente, exatamente como, momentos antes, todos os outros remadores faziam. O caminho foi longo. Os primeiros 20kms do percurso foram muito difíceis pois o vento ainda não estava perfeitamente alinhado com a rota de navegação. Além disso, sem conhecer o caminho eu não tinha uma referência exata no horizonte, e isto às vezes é o maior inimigo do remador determinado.
Quase desisti por duas vezes. Cheguei a sentar na prancha, ao lado do barco, e falar para o capitão que remaria apenas por mais alguns minutos e subiria no barco de apoio, desistindo da prova. Mas na segunda vez que fiz isso ele apontou para um diminuto retângulo branco no longínquo litoral da ilha de Molokai. Era a chegada. Há 25kms de distância. Horas mais tarde eu encostava minha prancha no porto de Kaunakakai, no Hawaian Canoe Club, com um dos maiores sentimentos de conquista e transformação da vida. Ventos e ondas soprando e empurrando a favor precisaram ser domados e surfados. Sentimentos de medo, de dúvida e insegurança ao longo das horas foram se transformando em confiança, certeza e alegria de estar ali.
Certa vez li uma frase de autoria desconhecida mas que nunca esqueci, que era mais ou menos assim: "Todos que passam por nós não vão sós. Deixam um pouco de si. Levam um pouco de nós". Sou daqueles que acreditam na "alma dos barcos", na energia que eles carregam. Por isso tive a certeza de que, se ganhei um pouquinho mais de coragem nesta vida, foi porque estive ao lado do barquinho havaiano "Corajosa" pelos 47kms entre ilhas de Maui e Molokai no Havaí.
Aloha e até a próxima postagem!
Luiza Perin
17 de julho de 2014
VC é muito corajosa e te admiro por isso!
ResponderExcluirObrigado por compartilhar. Inspirador
ResponderExcluirVc é demais luiza Perin , vc é o maximo, amiga linda, doce e guerreira
ResponderExcluirVC ´w minha guerreira surpreendente e permanentemente incrível!
ResponderExcluirTe amo minha comadre linda!